sábado, 2 de junho de 2012

Leitura recomendada para quem gosta de comparar a vida mental dos peixes com a dos pés de alface


O Psychology Today em matéria de divulgação ampla escrita por Marc Bekoff, em publicação de 2010, faz referência ao livro da renomada cientista Victoria Braithwaite, chamado "Do fish feel pain?" (os peixes sentem dor?).
Depois de examinadas extensas pesquisas científicas e seus dados, a resposta da cientista é um convincente SIM.
Mais que isso: na verdade, segundo Braithwaite, há evidências mais fortes da dor que os peixes experimentam do que da dor experimentadas por recém-nascidos humanos ou bebês prematuros.

"I have argued that there is as much evidence that fish feel pain and suffer as there is for birds and mammals -- and more than there is for human neonates and preterm babies." (page 153).

Mark Bekoff é ele próprio um cientista altamente bem conceituado que há anos faz pesquisas e publicações relacionados à senciência animal, Nas extensas pesquisas e revisão da literatura especializada que fez em 2007 coletou inequívocas evidências de que os peixes e diversos outros animais marinhos sentem dor, medo, tem vida emocional própria e merecem ter esta condição reconhecida por parte do homem.
Seu artigo, embora mais técnico, merece a leitura de quem realmente se interessa pelo tema:
Mark Bekoff

Também citando o livro de divulgação mais popular de Victoria Braithwaite, o Discovery News em publicação para o público leigo, afirma ter fortes evidências de que também siris, caranguejos, lagostas e até mesmo ostras tem terminações nervosas e estruturas cerebrais que fazem com que sejam capazes de experimentar dor e sofrimento.
Research - Fish feel pain too

Ainda segundo Braithwaite, sabe-se hoje com garantia que os peixes são cognitivamente muito mais sofisticados do que consumávamos pensar, sendo que algumas espécies deles tem formas extremamente desenvolvidas de cognição.

“We now know that fish actually are cognitively more competent than we thought before — some species of fish have very sophisticated forms of cognition.”

Fartas referências técnicas e científicas sobre a anatomia do sistema nervoso dos peixes podem ser encontradas sintetizadas nesta publicação inglesa:
Fish Sentience

O site dispõe de farto material para consulta e é altamente recomendado para um estudo preliminar mais aprofundado deste tema. Em 1980, a partir de solicitação da RSPCA, foi elaborado um relatório denominado Medway Report, que concluiu textualmente que: "Em face das evidências consideradas ... recomendamos que, em se tratando de animais vertebrados (mamíferos, pássaros, répteis, anfíbios e peixes), todos sejam considerados como capazes de experimentar sofrimento, sejam eles de "sangue quente" ou "sangue frio"." Estes fatos nos levam a comparar a pesca com a caça e igualmente condená-los como crueldade, a título de "esporte". Hoje mesmo aqueles que consideram a pesca aceitável, concordam que se deve dar aos peixes a mesma proteção oferecida a outros animais considerados "comida" pelo homem, uma vez que já ficou estabelecido cientificamente o fato de que seus corpos possuem estruturas responsáveis pela dor, medo e outros sentimentos mais complexos.
http://www.acuteangling.com/Reference/C&RMortality.html

As evidências apontam igualmente para o fato de que o atual costume de pescar e depois devolver à água é igualmente objetável, já que a dor causada pelo ferimento do anzol deixa os peixes com dores incapacitantes, vulneráveis a seus predadores pelo sangramento que experimentam, além de muitas vezes incapacitá-los para se alimentar subsequentemente.

 A se considerar também o fato de que o próprio Parlamento Europeu foi obrigado a acatar e reconhecer a senciência dos peixes:
http://www.acompassionateworld.org/2010/06/european-parliament-recognises-fish-are-sentient/

Estes fatos que tentei expor da forma mais objetiva possível tem fortes implicações para a ética humana e a forma como nos alimentamos.

Refutam e põem por terra qualquer argumentação falaciosa que tente comparar os peixes a pés de alface.

Namaste



(pequena publicação, a título de consulta e esclarecimento fundamental, inicialmente postada no blog da Weeac Brasil, em 03 de dezembro de 2011) 
Norah André

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