sexta-feira, 2 de março de 2012

AIDS - por Sergio Greif



Neste outro texto, de Sergio Greif, ele se refere à pesquisa do AIDS e às razões pelas quais o desenvolvimento de uma vacina contra a doença ainda não se tornou uma possibilidade.
 Como de hábito, a "pesquisa" hoje desenvolvida prefere ignorar as diferenças entre as espécies e a privilegiar a tortura desnecessária de animais, em quem a doença não se instala naturalmente, já que são a ela imunes.
Neste caso em particular, de gatos e macacos.
O gatos, por apresentarem a Síndrome de imunodeficiência felina (FIV)_, característica de sua espécie, e os macacos pela existência da SIV, característica de primatas.
Para mim, continua a PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR: porque não realizar pesquisa em células humanas?
Porque produzir variações da AIDS para infectar seres de outras espécies?
Que espécie de "resultados" estes "pesquisadores" estão pretendendo obter?
Para quem trabalham?
A que interesses servem?
Aos laboratórios que não querem perder os lucros das patentes dos remédios já existentes para o tratamento da AIDS?
Porque escolher INFECTAR, TORTURAR e MATAR animais, com vírus humanos modificados, a fazer a BOA e SÓLIDA pesquisa científica?
PORQUE ignorar as evidências de que resultados obtidos em uma determinada espécie animal não são transferíveis para as demais?
É a isto que as Auschwitz de hoje dão o nome de "ciência"?
Norah

AIDS - por Sérgio Greif

 Artigo* que será em breve publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences reporta que uma equipe da Universidade Rockefeller (EUA) está desenvolvendo um novo modelo animal para a pesquisa da AIDS. A espécie dessa vez escolhida é a Macaca nemestrina, originária do sudeste da Ásia, e sua infecção somente é possível quando os cientistas induzem uma mutação no vírus HIV-1.

 Por infecção entenda-se a reprodução do vírus no corpo do hospedeiro, mas não necessariamente o desenvolvimento de alguma patologia por parte dos animais. Também nesse caso, como em outras pesquisas envolvendo primatas, as cobaias não desenvolveram a doença que conhecemos como AIDS, ou seja, não adoeceram por conta da infecção pelo HIV.




 A origem da AIDS 

A escolha de primatas como modelo animal para a pesquisa da AIDS se deve à proximidade que existe entre o vírus HIV (human immunodeficiency virus) e o vírus SIV (simian immunodeficiency virus). A teoria comumente aceita é a de que o vírus HIV surgiu quando seres humanos entraram em contato com chimpanzés contaminados com o vírus SIV, possivelmente nas selvas de Camarões.

 De que forma o vírus passou dos chimpanzés para os seres humanos ainda não está claro, no entanto, estudos mostram que existem mais de 30 espécies de primatas em toda a África que possuem sua própria linhagem de SIV, sendo que o vírus sofre mutações cada vez que entra em contato com um novo hospedeiro.


 A criação de novas linhagens do vírus

 Da mesma forma que ocorre na infecção natural, quando uma espécie transmite o vírus à uma outra, seja por processo de predação, seja por outra forma de contaminação cruzada, o processo de pesquisa da doença tem potencial de criar novas linhagens do vírus e, portanto, novas variantes da doença.

 A pesquisa em questão deixa isso claro, pois pesquisadores nesse caso deliberadamente criaram uma nova variedade do vírus para conseguirem infectar o primata. Pode-se alegar que o experimento é controlado e que a nova linhagem desenvolvida está confinada a um laboratório, mas a história mostra que não existe processo inteiramente seguro, que organismos escapam de laboratórios.

 Novas linhagens de vírus surgindo são justamente o que torna qualquer possibilidade de combate ao vírus inefetiva. Em resumo, uma pesquisa como essa tem mais potencial de causar prejuízos para seres humanos do que trazer benefícios.

 A AIDS e os modelos animais 

Como ocorre em outras doenças, no caso da AIDS animais não são modelos preditores da forma como a enfermidade se manifestará em seres humanos. Em qualquer patologia, mesmo quando a infecção de animais é possível, os sintomas e o desenvolvimento da doença ocorrem de maneira completamente diferente da forma como ocorre em seres humanos.

 Mesmo a pesquisa do SIV em primatas não tem potencial de trazer conhecimento sobre a forma como o HIV se comporta. Embora exista alguma similaridade, o SIV e o HIV diferem significativamente.

 Muito tempo, dinheiro e recursos humanos já foram gastos na pesquisa da AIDS em modelos animais, sem nenhum sucesso. Essa nova pesquisa será apenas mais um passo na direção errada. Os próprios pesquisadores admitem que os dados que eles obtiveram não são aplicaveis, que eles apenas lançam uma luz sobre pesquisas futuras. E que pesquisas seriam essas? O desenvolvimento de uma vacina que seja efetiva em curar animais que sequer ficam doentes? Anos e anos de pesquisa desperdiçados em algo que por fim não terá nenhuma aplicação para seres humanos?


 O futuro da pesquisa sobre a AIDS

 Por mais de 20 anos grande parte da pesquisa referente a AIDS envolveu primatas e outros modelos animais, no entanto tudo o que sabemos sobre essa doença proveio da pequena quantidade de pesquisas envolvendo a observação de seres humanos infectados naturalmente com AIDS e de seus tecidos. Parece claro que qualquer forma de tratamento deverá vir dessa mesma fonte.

 Autópsias, pesquisa in vitro envolvendo tecidos humanos, pesquisas epidemiológicas, pesquisas genéticas, utilização de modelagem matemática e computacional são formas mais efetivas de pesquisa porque elas adotam como modelo uma situação real e não um modelo forçado que não condiz de forma alguma com a realidade. Torna-se evidente que o modelo animal nunca serviu e que precisa ser completamente abandonado.



 Fonte: ANDA - Agência de Notícias de Direitos Animais

Sobre o autor - Sergio Greif
Biólogo formado pela UNICAMP, mestre, ativista pelos direitos animais, vegano desde 1998, consultor em diversas ações civis publicas e audiências públicas em defesa dos direitos animais.
Co-autor do livro "A Verdadeira Face da Experimentação Animal: A sua saúde em perigo" e autor de "Alternativas ao Uso de Animais Vivos na Educação: pela ciência responsável", além de diversos artigos e ensaios referentes à nutrição vegetariana, ao modo de vida vegano, aos direitos ambientais, à bioética, à experimentação animal, aos métodos substitutivos ao uso de animais na pesquisa e na educação e aos impactos da pecuária ao meio ambiente, entre outros temas.
 Membro fundador da Sociedade Vegana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário