quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Sobre a utilização de animais em experimentos - Paula Brügger



Continuando com a série de artigos, entrevistas e textos sobre a existência de métodos alernativos à experimentação animal e à vivissecção, característicos da pseudo-ciência que ainda prevalece em muitos cantos do mundo. INFORME-SE: este é o melhor mecanismo para combater a des-informação intencionalmente ofertada à população. 


 Sobre a utilização de animais em experimentos Por Paula Brügger - brugger@ccb.ufsc.br

Em outro texto*, coloquei, resumidamente, as principais razões que nos levam a discordar da eficácia dos modelos animais para estudar diversos males que acometem os humanos, ou desenvolver medicamentos, terapias etc.

Esse assunto polêmico despertou o interesse de muita gente, uma vez que no ideário dominante os experimentos com animais são uma espécie de mal necessário. Isso é compreensível. Afinal, os meios de comunicação não cessam de dar destaque às descobertas de drogas ou terapias a partir de modelos animais.

 Entretanto, quando a mesma droga ou terapia se mostra ineficiente em humanos, a notícia nunca é matéria de primeira página. É claro que tudo isso acaba reforçando a fé nos modelos animais, ou seja, a impressão de que eles funcionam de fato e que, mesmo em alguns casos de total fracasso, faltou realmente muito pouco para se chegar a um resultado bem-sucedido.

 Sobre o sucesso dos modelos animais 

Os defensores dos modelos animais alegam que muitos medicamentos, procedimentos cirúrgicos ou terapias, por exemplo, dependeram da experimentação animal, ou foram descobertos usando animais como modelos.

 Entretanto, o que os defensores de tais experimentos não desejam discutir é o índice de sucesso dessa forma de estudar e construir conhecimento. Salvo em casos nos quais os modelos animais tenham sido rigorosamente validados (mas isso implica a morte de milhões deles!), os dados corretos, aparentemente obtidos a partir de modelos animais, são fruto da coincidência e do acaso, ou de pistas fornecidas por outros campos de pesquisa.

 Não refletem o resultado de uma empreitada verdadeiramente científica, uma vez que não implicam num conhecimento minucioso dos complexos mecanismos presentes nos processos estudados. Tais acertos parecem refletir nada mais do que um pequeno percentual bem-sucedido de meras tentativas e, com isso, não diferem significativamente de outras situações como os índices de acerto em cestas de basquete, por exemplo, por parte de pessoas que não dominam tal esporte.


Outras formas de construir conhecimento

Muitos médicos e cientistas anti-vivisseccionistas afirmam que os animais não precisam fazer parte da descoberta de novas drogas. Segundo os doutores Jean e Ray Greek, por exemplo, existem apenas quatro formas testadas e verdadeiras para se encontrar novas drogas. A primeira seria descobrir novas substâncias na natureza como fizerem nossos ancestrais. A segunda, pouco explorada, é descobrir um valor de cura novo em um medicamento já existente (como o potencial do triclosan para malária); a terceira se constitui na modificação da estrutura química de um medicamento para melhorá-lo, ou para criar uma nova versão para o mercado (como é o caso do antibiótico Zyvox); e a quarta e mais interessante delas é "desenhar" um novo medicamento baseado em uma ação desejada.

 Essa é a alternativa que traz mais inovação na farmacologia moderna (envolve química combinatória; CADD computer-aided drug design, ou "desenho" de drogas por meio de computador; técnicas de análise in vitro, etc). Como exemplo dessa quarta via, os Greek citam os fármacos contra o HIV.

 Eles e outros autores sugerem que se elimine a etapa dos testes com animais e, em vez disso, se aumente a já existente fase de estudos clínicos com humanos. Tal medida seria da maior importância. Kathy Archibald, diretora científica do grupo "Europeans For Medical Progress", destaca que nenhum método - seja ele baseado em animais, seres humanos, ou tubos de ensaio - é capaz de prever as reações dos pacientes com 100% de precisão. As reações diferem de acordo com sexo, idade, grupo étnico e mesmo entre membros da mesma família. Somos todos diferentes, bioquimicamente únicos, embora não tão diferentes uns dos outros quanto somos dos animais, é claro. Por exemplo, apesar de todos os genomas humanos terem mais 99,9% de identidade, a pequena proporção de 0,1% de diferença pode produzir uns três milhões de polimorfismos. Muitos deles não têm efeito, mas os que têm impacto na expressão e função de proteínas podem afetar o funcionamento de drogas (no caso de a proteína em questão estar ligada ao funcionamento da droga).

 Alguns exemplos importantes estão relacionados ao metabolismo do colesterol, à manifestação da asma e aos transmissores de serotonina. Tudo isso só reforça a idéia de que usar animais em estudos é ineficaz e antiético, pois nenhuma dessas particularidades pode ser descoberta nos modelos animais. Archibald destaca que a massiva ênfase na confiabilidade dos dados provenientes da experimentação animal permite que as companhias farmacêuticas evitem conduzir etapas clínicas mais criteriosas, mais representativas, com mais pessoas e durante mais tempo. Ela afirma ainda que os testes com animais são feitos por razões legais e não científicas, pois isso protege as empresas contra processos decorrentes de efeitos colaterais prejudiciais ou letais.

Bibliografia ARCHIBALD, Kathy. Animal testing: science or fiction? The Ecologist, maio. 2005: 14-17. GREEK, Ray & GREEK, Jean. Specious Science: How Genetics and Evolution Reveal Why Medical Research on Animals Harms Humans. London, New York: Continuum, 2003.
* Referência ao texto Porque somos contra os modelos animais - o reducionismo como base da falibilidade dos modelos animais, publicado na revista Pensata Animal em 16/10/2007.

 Meus grifos

Um comentário:

  1. Penso q isto q muitos chamam de ciência,nada mais é,senão demonstrações de crueldade,disfarçadas e mascaradas,sob um pretexto q eles querem atribuir como contribuição ao q eles chamam d uma ciência d tal grandeza q querem q nós (pois nos julgam imbecis)acreditemos q os fíns(q eles pintam,como tão nobres,mas não o são)justifiquem os meios mais desumanos e cruéis,q me faz sentir nojo e até vergonha destes seres desprezíveis q infelizmente,são da minha espécie.Gostaria d ouvir os argumentos chulos e desprovidos de consistência destas pessoas q se denominam cientistas,mas creio q não vou ter este prazer,afinal tds estes, são covardes por possuírem falha d caráter e por isto não tem coragem p participarem d discussão e muito menos d um debate.

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