Mais uma vez publicando um texto de um médico veterinário que honra os votos que fez.
Mais uma voz a apontar para a fraude da experimentação animal.
Minha tradução. (meus grifos)
Ao final da postagem, segue o texto original em inglês
Norah André
O uso de cães beagle em pesquisas e testes de medicamentos humanos.
Andre Menache, Médico Veterinário
Por favor, leia o título novamente.
Como veterinário, acho esse título muito estranho.
Porque motivo cães Beagle estariam sendo usados para estudar o efeito de drogas farmacêuticas sobre as pessoas?
Eu certamente nunca usaria um papagaio para testar medicamentos para cavalos.
Porque então usam os cães (ou qualquer outro animal) para testar medicamentos de uso humano?
A resposta curta é que a lei exige. Leis do Reino Unido e da UE exigem que medicamentos sejam testados em um roedor (geralmente um rato) e em uma espécie não roedora (geralmente um cão Beagle) antes que ensaios clínicos em humanos possam começar.
Isto pode soar como uma idéia razoável para algumas pessoas. Certamente pareceria um princípio razoável, há 65 anos, quando as leis que regem o teste de drogas e ensaios clínicos foram primeiro formuladas.
Afinal, ratos, cães e pessoas têm dois olhos, dois ouvidos, um cérebro, um coração e assim por diante. Os animais são semelhantes para as pessoas.
Mas quão científico é a palavra "semelhante", quando se considera que os seres humanos tem participação de 50 por cento de seu DNA com uma banana?
Seres humanos, ratos e cães, todos possuem o gene de uma cauda.
No entanto, em pessoas este gene é desligado, enquanto que em ratos e cães o gene permanece ligado.
Sabemos que os ratos e as pessoas compartilham os mesmos 23 000 genes, mas e daí?
Ratos não se parecem com as pessoas.
É evidente que não se trata dos genes que compartilhamos, mas sim do que os genes fazem e de como eles se interconectam e interagem em rede uns com os outros.
Isso ajuda a explicar porque um sistema complexo (o do cachorro ou o do rato) não pode prever o que vai acontecer em outro sistema complexo (o do ser humano).
Em outras palavras, a ciência avançou por 65 anos desde que essas leis iniciais foram escritas, mas as leis ainda não acompanharam a ciência (1).
Por exemplo, agora temos o conhecimento do genoma humano, o que não tínhamos há 65 anos. Este novo conhecimento, acrescido do nosso atual conhecimento em expansão de como os genes funcionam, tornam os testes em animais realmente sem justificativa no século XXI.
Dados divulgados pela indústria farmacêutica confirmam isso.
A chance de um teste em animal prever corretamente como um ser humano vai responder a um medicamento ou a um produto químico é tão confiável quanto jogar uma moeda.
Uau, isso pode parecer uma grande acusação!
E sim, de fato, há muita evidência científica publicada para fazer essa afirmação.
(Ver referências 2 a 19 abaixo.)
Vejamos um exemplo real do que estamos falando.
Danos ao fígado das pessoas induzidos por drogas é o motivo mais freqüente citado para a retirada do mercado de um medicamento aprovado, o mesmo fator também responsável por mais de 50 por cento de insuficiência hepática aguda nos Estados Unidos (20).
Os valores para o Reino Unido são praticamente os mesmos, onde a toxicidade para o fígado humano é referida como sendo a segunda causa mais comum de falha de drogas, por seus efeitos adversos, em ensaios clínicos de drogas potenciais (2, 21).
Em outras palavras, os danos ao fígado das pessoas são causados por drogas depois de terem sido testadas em ratos e cães Beagle, tal como exigido por lei.
Com base nos dados fornecidos pela [própria] indústria farmacêutica, as experiências com drogas em ratos e em cães, não previram os danos no fígado humano em cerca de 50% dos casos (22).
Isso é exatamente o mesmo resultado que se pode esperar ao jogar uma moeda.
Poderia ficar pior que isso?
Sim, fica pior.
Os resultados dos testes de uma mesma droga podem ser diferentes em ratos machos e de cães Beagle machos, quando em comparação com as fêmeas, devido a diferenças na função do fígado em machos e fêmeas (23, 24).
Isso faz com que os testes em animais sejam ainda menos confiáveis do que jogar uma moeda.
A maioria de nós já se apercebeu de que os testes em animais não funcionam quando se trata de medicamentos de uso humano.
E a maioria das pessoas diria: "Bem, se você não testar em ratos e cães Beagle, como você pretende testar novas drogas?"
Há duas respostas para essa pergunta.
Resposta 1.
A evidência científica mostra que os testes em ratos e cães Beagle (ou qualquer outro animal) são menos confiáveis do que jogar uma moeda, de modo que devemos parar de fazer isso já, independentemente de qualquer outra coisa já disponível para testar drogas.
Resposta 2.
Continua-se a testar drogas em animais, apenas para cumprir as leis, embora a indústria farmacêutica esteja bem ciente de que os testes realizados em animais não podem prever o resultado em humanos.
É justamente por isso que hoje se está investindo recursos em métodos baseados em modelos humanos de investigação, estes sim relevantes para as pessoas.
Estes incluem estudos de células humanas, estudos de DNA humano, o uso de tecidos humanos doados, informática e muitos outros.
A maioria destes métodos baseados em modelos humanos estão sendo constanemente aprimorados, de forma a torná-los confiáveis para testes de drogas humanas.
A maioria destes métodos ainda não apresentam um resultado de 100 por cento de previsão, mas certamente seus resultados são melhores do que um sorteio (testes = animais) , o que os torna relevantes para as pessoas (25).
Conclusão
Nos 65 anos desde que as leis de testes em animais foram introduzidas, a pesquisa científica revolucionou nossa compreensão da biologia humana e de o quanto ela difere da de outras espécies.
Como resultado do que sabemos agora sobre o corpo humano, as conseqüências desses 65 anos de idade das leis de segurança que obrigam a realização de testes em animais, não são apenas o fato de que eles se tornaram ultrapassados, mas são na verdade uma forma imprudente e negligente [de verificação de "segurança"], expondo milhares de indivíduos da população ao risco de morte por ingestão de sua própria medicação (hoje, na Europa, ocorrem cerca de 197.000 mortes por reações adversas a medicamentos por ano ) (26).
A solução é bastante simples.
Nosso governo e as autoridades de saúde devem remover a exigência legal da realização de testes em animais e substituí-los por métodos que sejam de fato relevantes para os seres humanos.
E quanto mais cedo melhor, tanto para a saúde humana, como para o bem-estar animal.
Referências Bibliográficas:
1. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22769234
2. Heywood R. Clinical Toxicity – Could it have been predicted? Post-marketing experience. In: Lumley CE, Walker S Lancaster, Quay, editor. Animal Toxicity Studies: Their Relevance for Man.1990. pp. 57–67.
3. Spriet-Pourra C, Auriche M. New York. 2 1994. Drug Withdrawal from Sale.
4. Igarashi T. The duration of toxicity studies required to support repeated dosing in clinical investigation – A toxicologists opinion. In: Parkinson CNM, Lumley C, Walker SR, editor. CMR Workshop: The Timing of Toxicological Studies to Support Clinical Trials. Boston/UK: Kluwer; 1994. pp. 67–74.
5. Sankar U. The Delicate Toxicity Balance in Drug Discovery. The Scientist. 2005;19:32.
6. Wilbourn J, Haroun L, Heseltine E, Kaldor J, Partensky C, Vainio H. Response of experimental animals to human carcinogens: an analysis based upon the IARC Monographs programme.Carcinogenesis. 1986;7:1853–1863. doi: 10.1093/carcin/7.11.1853. [PubMed] [Cross Ref]
7. Rall DP. Laboratory animal tests and human cancer. Drug Metab Rev. 2000;32:119–128. doi: 10.1081/DMR-100100565. [PubMed] [Cross Ref]
8. Tomatis L, Aitio A, Wilbourn J, Shuker L. Human carcinogens so far identified. Jpn J Cancer Res.1989;80:795–807. [PubMed]
9. Knight A, Bailey J, Balcombe J. Animal carcinogenicity studies: 1. Poor human predictivity. Altern Lab Anim. 2006;34:19–27. [PubMed]
10. Tomatis L, Wilbourn L. Evaluation of carcinogenic risk to humans: the experience of IARC. In: Iversen, editor. New Frontiers in Cancer Causation. Washington, DC: Taylor and Francis; 2003. pp. 371–387.
11. IARC IARC Monographs on the Evaluation of Carcinogenic Risks to Humans. Lyon: IARC; 1972.
12. IARC monographs programme on the evaluation of carcinogenic risks to humans http://monographs.iarc.fr
13. Haseman JK. Using the NTP database to assess the value of rodent carcinogenicity studies for determining human cancer risk. Drug Metab Rev. 2000;32:169–186. doi: 10.1081/DMR-100100570. [PubMed] [Cross Ref]
14. Gold LS, Slone TH, Ames BN. What do animal cancer tests tell us about human cancer risk?: Overview of analyses of the carcinogenic potency database. Drug Metab Rev. 1998;30:359–404. doi: 10.3109/03602539808996318. [PubMed] [Cross Ref]
15. Freeman M, St Johnston D. Wherefore DMM? Disease Models & Mechanisms. 2008;1:6–7. doi: 10.1242/dmm.000760. [PubMed] [Cross Ref]
16. Schardein J. Drugs as Teratogens. CRC Press; 1976.
17. Schardein J. Chemically Induced Birth Defects Marcel Dekker. 1985.
18. Manson J, Wise D. Casarett and Doull’s Toxicology. 4. 1993. Teratogens; p. 228.
19. Caldwell J. Comparative Aspects of Detoxification in Mammals. In: Jakoby W, editor. Enzymatic Basis of Detoxification. Vol. 1. New York: Academic Press; 1980.
20. http://gastro.dom.uab.edu/Fellow_Articles/fellowsreadinglisthep/drug%20hepatotoxicity.pdf
21. Olson H, Betton G, Robinson D, Thomas K, Monro A, Kolaja G, Lilly P, Sanders J, Sipes G, Bracken W, Dorato M, Van Deun K, Smith P, Berger B, Heller A. Concordance of the toxicity of pharmaceuticals in humans and in animals. Regul Toxicol Pharmacol. 2000;32:56–67. doi: 10.1006/rtph.2000.1399.
22. http://tpx.sagepub.com/content/33/1/63.full.pdf+html
23. http://ijt.sagepub.com/content/20/3/161.short
24. http://dmd.aspetjournals.org/content/21/4/705.short
25. http://www.emea.europa.eu/docs/en_GB/document_library/Other/2009/12/WC500017982.pdf
26. http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736%2811%2960802-7/fulltext?version=printerFriendly
Artigo traduzido do original em inglês postado em:
http://savetheharlanbeagles.com/andre-menache-on-animal-testing/ # UOgpg280V8E.
Texto original em inglês:
The use of beagle dogs in research and testing of human drugs.
By Andre Menache
Please read the title again. As a veterinary surgeon, I find this title very strange. Why on earth are Beagle dogs being used to see what pharmaceutical drugs do to people? I would certainly never use a parrot to test drugs for horses, so why use dogs (or any other animal) to test human drugs? The short answer is that the law requires it. UK and EU laws require pharmaceutical drugs to be tested on a rodent (usually a rat) and a non-rodent species (usually a Beagle dog) before human clinical trials can begin.
This may sound like a reasonable idea to some people. It certainly seemed a reasonable principle 65 years ago when the laws governing drug testing and clinical trials were first formulated. After all, rats, dogs and people all have two eyes, two ears, a brain, a heart and so forth. Animals are similar to people. But how scientific is the word “similar” when one considers that humans share 50 percent of their DNA with a banana? Humans, rats and dogs share the gene for a tail. However, in people the gene is switched off, while in rats and dogs, the gene is switched on. We know that mice and people both share about the same 23 000 genes, but so what? Mice don’t resemble people. It’s less about the genes we share and more about what those genes do and how they network and interact with each other. That helps to explain why one complex system (the dog or the rat) cannot predict what will happen in another complex system (the human).
In other words, science has moved forward by 65 years since those early laws were written, but the laws have not yet caught up with the science (1). For example, we now have knowledge of the human genome, which we didn’t have 65 years ago. This new knowledge plus our expanding knowledge of how genes work, make animal tests look really out of place in the 21st century. Data published by the pharmaceutical industry confirm this. The chance of an animal test correctly predicting how a human will respond to a drug or a chemical is about as reliable as tossing a coin. Wow, that’s quite an accusation. Yes, indeed, and there is plenty of published scientific evidence to back that statement. See references 2 through to 19 below.
Let’s look at a real-life example of what we are talking about. Drug-induced liver damage in people is the most frequent reason cited for the withdrawal from the market of an approved drug, and it also accounts for more than 50 percent of acute liver failure in the United States (20). The figures for the UK are almost the same, where toxicity to the human liver is reported to be the second most common cause of drug failure through adverse effects in clinical trials of potential drugs (2, 21).
In other words, liver damage to people is caused by drugs after they were tested on rats and Beagle dogs, as required by law. Based on data from the pharmaceutical industry, the rat and dog experiments reveal liver damage approximately 50% of the time (22). That’s exactly the same result one would expect from tossing a coin.
Could it get any worse than that? Yes, it gets worse. The results of drug testing may be different on male rats and male Beagle dogs compared with females, due to differences in liver function in males and females (23, 24). That makes animal testing even less reliable than tossing a coin.
Most of us by now would realise that animal tests don’t work when it comes to human drugs. And most people would say, “Well if you don’t test on rats and Beagle dogs, how do you test new drugs?” There are two answers to this question.
Answer 1.
The scientific evidence shows that testing on rats and Beagle dogs (or any other animal) is less reliable than tossing a coin, so we should stop doing it, regardless of whatever else is available to test drugs.
Answer 2.
To comply with the law the pharmaceutical industry continues to test drugs on animals but the industry is well aware that animals cannot predict human outcome, which is why it is investing resources into human-based research methods that are relevant to people. These include human cell studies, human DNA studies, the use of donated human tissues, computer studies and much more. Most of these human-based methods are being improved upon all the time, to make them reliable for human drug testing. Most of these methods are not yet 100 percent predictive, but they are better than a coin toss (= animal tests) and they are relevant to people (25).
Conclusion
In the 65 years since the animal testing laws were introduced, scientific research has revolutionised our understanding of human biology and how it differs from other species. As a result of what we now know about the human body, the consequences of these 65 year old safety laws mandating animal tests, are not just that they have become outdated but are in fact recklessly and negligently exposing thousands of the population to the risk of death by their own medication (197,000 Adverse Drug Reaction deaths a year in Europe) (26).
The solution is quite simple. Our government and health authorities must remove the legal requirement for animal tests and replace them with test methods that are relevant to humans. And the sooner the better, for human health and animal welfare.
Bibliographical References regarding Dr Andre Menache's article cam be found in the following link:
http://savetheharlanbeagles.com/andre-menache-on-animal-testing/#.UOgpg280V8E
Nenhum comentário:
Postar um comentário